Uma parceria firmada entre a Penitenciária Regional de Caxias do Sul (PRCS) e o Banco do Vestuário de Caxias do Sul está possibilitando a confecção de mantas de retalhos feitas por apenados. As peças serão destinadas também à comunidade carente, que serão entregues pela Defesa Civil. De acordo com a direção, em três meses de atividade, já foram produzidas 115 mantas.
“Mãos que tecem e aquecem”
Conforme a coordenadora do projeto, assistente social, Neila Marisa Rauber, os apenados ligados ao projeto sabem da importância do trabalho social. “Na fase inicial, os trabalhos são desenvolvidos com o auxílio de duas máquinas de costura overlock e três de costura reta. As mantas são feitas com material (retalhos que seriam descartados) vindo das mais diversas malharias da região, captados e repassados através do Banco do Vestuário. Da mesma origem vêm as linhas, as máquinas e demais acessórios empregados para o trabalho”, explicou a profissional.
Para o diretor da PRCS, Carlos Alberto Gerzson de Souza, a atividade, além de fazer parte do tratamento penal, resulta em remissão de pena. “Trata-se de uma atividade laborativa, mas de solidariedade já que mostra aos apenados, assim como para a sociedade em geral, o quanto se pode ser prestativo para com as populações menos favorecidas”, disse o diretor.
A ideia é incluir no projeto um maior número de apenados. No entanto, informou a direção, é necessário ampliar a estrutura, pois apenas dois homens estão na atividade, atualmente. “Passar da condição de auxiliado para a de auxiliador é essencial, uma vez que permite experiências inéditas. Além disso, é ver que todos temos algo de bom para oferecer e dar oportunidades para que isso aconteça, pois não podemos cobrar boas ações se não dermos oportunidades para que sejam praticadas”, acrescentou o diretor.
Remissão e frio
Os trabalhos prestados não são remunerados, pois não têm fins lucrativos. O apenado é beneficiado com a remissão conforme previsto na Lei de Execuções Penais (LEP).
Desde a inauguração da PRCS, em 2007, a atividade existe, mas agora foi intensificada, sendo estendida à comunidade.
Localizada na RST-453, a Rota do Sol, no Distrito de Apanhador, a PRCS abriga, em média, 500 pessoas em privação de liberdade. A localização da casa prisional faz com que os presos sofram com as baixas temperaturas do inverno, típico da região serrana do Estado.
Luiz Carlos Lopes e Neila Rauber/PRCS
Edição: Imprensa Susepe