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26 de Abril de 2024, 10:58
Atualização 04.08.2017 às 09:46
Publicação 27.07.2017 às 17:36
Sessenta presos de Novo Hamburgo irão trabalhar na fabricação de peças de telefonia
Parceria com empresariado local possibilitará o emprego de mais 60 apenados
Foto de Caroline Paiva/Imprensa Susepe

Já reparou naqueles objetos que ficam entre fios de telefonia, em cima dos postes de energia elétrica? São os chamados suportes para instalação de fibra óptica, que servem para manter os cabos de telefonia esticados. Eles funcionam como guias de passagem, auxiliando a evitar a perda de sinal dos provedores de internet.

Mas o interessante disso é que parte dessas peças é fabricada por apenados monitorados pela tornozeleira eletrônica e ex-detentos. E o mais interessante ainda é que a empresa que emprega eles vai abrir 60 novas vagas de trabalho para outros presos do Instituto Penal de Novo Hamburgo (IPNH).


Irão trabalhar outros apenados do regime semiaberto do IPNH

Uma parceria entre a Susepe e a empresa MicroFormas Indústria e Comércio de Peças e Artefatos Plásticos, por meio de um Protocolo de Ação Conjunta (PAC) Excepcional, vai possibilitar o início deste trabalho. Atualmente, a empresa já emprega cinco ex-detentos e cinco monitorados pela tornozeleira eletrônica. No entanto, cinco outros apenados já iniciaram a triagem e mais 30 devem começam o processo na próxima semana.

Eles irão trabalhar 8h diárias, de segunda a sexta-feira, recebendo 75% do salário mínimo nacional (cerca de R$ 700). Além disso, irão ganhar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e o direito à remição: a cada três dias de trabalho, diminui um da pena.

O empresário Claudio De Zorzi, 47 anos, é quem ofereceu a oportunidade. Ele gerencia o Grupo Micro, que possui 25 anos de mercado e abriga outras três empresas: MicroTelecom, MicroTelefonia e MicroSoluções. Além dos suportes para instalação de fibra óptica, que você conheceu no início desta matéria, o grupo fabrica outras peças para empresas de telefonia, como plaquetas de identificação e caixas de atendimento. Eles importam as peças para todo o país e também possuem uma linha de produção de formas plásticas para pisos de concreto.

De acordo com o empresário, cerca de 40% dos materiais utilizados na produção são de plástico reciclado. Ou seja, além de contribuir com a inserção social de detentos e ex-detentos, com uma oportunidade de especialização e trabalho, a empresa também contribui para o ambiente, produzindo de forma sustentável.


O PAC tem vigência de um ano

Vice-administradora do IPNH, a agente penitenciária e psicóloga, Caren Gutheil Dias, frisa a importância da recolocação do preso no mercado de trabalho. “Ele cresce como pessoa e como indivíduo, pois recebe a remição e pode auxiliar no sustento da família”, relata. Segundo Caren, quando não há um suporte, o apenado pode acabar voltando para o crime. “Nosso papel é sempre buscar parcerias para ocupações lícitas”, acrescenta.

Monitorado pela tornozeleira eletrônica, S. M., de 43 anos, está há três meses na empresa. “Se todos empresários abrissem as portas, o crime não ia continuar aumentando. Só vemos marginalização, isso aqui é ressocialização. Alguém abrir a porta para ti trabalhar”, opina.


O suporte para instalação de fibra óptica é o principal produto que os presos fabricam

Para Claudio, a maioria dos empresários ainda tem preconceito. “O crime não importa pra nós. Se a psicóloga diz que ele está apto para trabalhar, ok”, comenta. O empresário conta também que a fiscalização é frequente e que as admissões são feitas de forma gradual. “É preciso tempo para conversar com os que estão chegando, um a um, e explicar como funciona a empresa e as regras”, explica.

A ideia de empregar mais apenados surgiu há cerca de cinco anos, quando ele resolveu dar oportunidade a um preso do IPNH. Ele acabou ganhando liberdade e mudou de cidade. Após sair, contou ao antigo patrão que havia usado a rescisão para reformar a casa onde morava e buscar emprego na nova localidade.

O “teste” foi tão positivo, que Claudio quis abrir as portas para outras pessoas privadas de liberdade. “Cumpro com a obrigação social, mas também me favoreço com a mão de obra deles. Vejo eles comprando coisas com o que ganham no trabalho e planejando o futuro, a gente vive de sonhos, né”, conclui.


As parcerias para mão de obra prisional pode ser com firmadas com empresas públicas e privadas

 

Ficou interessado em fazer uma parceria para empregar a mão de obra prisional? Contate o setor de Trabalho Prisional do Departamento de Tratamento Penal da Susepe: (51) 3288.7304 / trabalhoprisional@susepe.rs.gov.br.

 

 

 

Caroline Paiva
Imprensa Susepe

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