Página Inicial
Bem-vindo
06 de Maio de 2024, 13:15
Publicação 16.11.2021 às 13:05
Complexo Penitenciário de Canoas possui mais de mil apenados trabalhando
Apenados se comprometem com o trabalho na unidade prisional
Foto de Alefer Dias

Inaugurado em 2016, o Complexo Penitenciário de Canoas acomoda mais de 2 mil apenados em suas galerias. Buscando a ressocialização desses presos, que é uma das prioridades da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e da Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo (SJSPS), a unidade procura inseri-los em atividades de trabalho.

Hoje, mais de mil apenados realizam algum tipo de serviço na unidade, sendo 134 remunerados, em diferentes atividades. Além de serviços de limpeza e manutenção da casa prisional, existem setores de produção artesanal, marcenaria, costura, entre outros. São mais de 800 ligas laborais entre internas e externas.

O diretor do Complexo, Loivo Machado, ressalta a importância da ressocialização através do trabalho: “Os presos se comprometem com o trabalho, vêem nele uma oportunidade de uma vida melhor fora do presídio”.

Além do trabalho, é incentivada a inserção dos apenados em atividades de ensino. Quase duzentos presos estão matriculados no Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (NEEJA) e cerca de duzentos realizaram cursos profissionalizantes este ano. Além disso, em torno de trezentos participaram das provas do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA) e oitenta se inscreveram no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

O incentivo ao trabalho e ao estudo é destacado pelo coordenador do trabalho prisional do Complexo, Heitor Paveglio: “Muitos presos não tiveram a oportunidade de aprender um ofício ou de estudar lá fora, aqui eles aprendem e saem com esperança de ter um emprego. Tivemos muitos presos que saíram daqui e foram contratados imediatamente para trabalhar em alguma empresa”.

Além da capacitação, os apenados recebem remuneração, quando existe parceria com alguma empresa ou órgão, e a remição da pena, garantindo um dia de pena a menos a cada três dias de trabalho.

Produção de móveis e estofados

Na área da marcenaria, 74 apenados produzem diversos tipos de camas e cadeiras.

A competência e a qualidade do trabalho são destacadas pelo empresário Adriano Azevedo de Medeiros, proprietário da Caroline Cardoso Móveis, que possui um pavilhão de trabalho no Complexo. “Há doze anos trabalho com mão de obra prisional. Comecei com o Complexo de Canoas no ano passado e pretendo expandir ainda mais o trabalho feito. Alguns apenados que se capacitaram nessa área hoje estão em liberdade e são gerentes de empresas de estofaria. Um deles tem uma fábrica própria no interior, empregando 16 pessoas”, afirma.

No Complexo, apenados também trabalham diariamente na confecção de diversos modelos de poltronas e bancos estofados. O agente penitenciário, supervisor do Termo de Cooperação, Diego Monteiro, destaca: “Já chegamos a produzir 186 poltronas em um dia, é um trabalho de muita qualidade”.

Muitos produtos saem prontos e embalados do Complexo, diretamente para lojas, inclusive para outros estados do Brasil. Além disso, móveis fabricados na unidade são exportados para países da América do Sul, como Uruguai, Argentina e Peru.

Roupas impermeáveis



Em maio, foi iniciada a produção de roupas impermeáveis em parceria com a empresa Pioneira Capas.Todos os apenados recebem um treinamento básico no setor, buscando um melhor desempenho no trabalho, além de qualificação para posterior atuação fora da penitenciária.

Quinze presos trabalham no local onde são produzidas cerca de 150 peças por dia. A empresa pretende expandir para 60 detentos até o fim do primeiro trimestre de 2022.

Botânica



Na horta da unidade, sete apenados participam do projeto Cultivando o Futuro, que visa trazer conhecimento sobre trabalho rural e possibilitar uma vivência ao ar livre para os presos. São cultivadas diversas culturas, como morango, uva, pitaia e pepino.

A empresa Bio-C, de Montenegro, é parceira do projeto, fornecendo resíduos para a adubação das plantas.

O agente penitenciário responsável pela horta, Nelson Henrique, destaca: “Muitos apenados trabalharam anos no campo mas não tiveram uma formação na área, aqui eles recebem um conhecimento técnico para a área rural."

A produção é voltada para a alimentação na casa prisional, e o excedente é doado a ONG’s.

Oficina de trabalho sustentáveis


Parte do material descartado na produção dos móveis é reaproveitado nas oficinas de trabalho sustentáveis. Utilizando madeira reaproveitada, os presos trabalham confeccionando bancos, mesas e outros móveis de casa.

As confecções são destinadas aos familiares dos detentos e comercializadas fora da unidade.

Esteiras térmicas



Em abril deste ano, foi iniciada a produção de esteiras térmicas feitas utilizando caixas de leite. As esteiras são utilizadas para adequação térmica de casas de pessoas em situação de vulnerabilidade social, servindo tanto para o inverno quanto para o verão.

A coordenação é do apenado L., que destaca a importância do seu trabalho: “é bom porque ocupa a mente da gente, nos dá motivação para seguir em frente”. Ele conta com outros quatro colegas na produção, dividida em quatro etapas: corte, lavagem, secagem e ligação das partes.

Cerca de 17 mil caixas de leite são reaproveitadas por mês, sendo que para cada esteira confeccionada são utilizadas 10 caixas. As esteiras são repassadas para a ONG Pestalozzi, de Canoas, que trabalha na assistência a pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e suas famílias.

As tampas dos produtos também são reutilizadas e se tornam matéria-prima de cortinas e tapetes.


Texto: Daniel Baptista/ Imprensa Susepe
Crédito das fotos: Alefer Dias

Link desta página
SUSEPE - Superintendência dos Serviços Penitenciários