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05 de Maio de 2024, 11:19
Atualização 06.01.2022 às 12:31
Publicação 05.01.2022 às 13:50
Projeto gaúcho de produção de bioabsorventes é selecionado como uma das melhores práticas brasileiras de trabalho prisional
A confecção de bioabsorventes é realizada no Presídio Feminino de Lajeado e no Presídio Feminino de Torres

O empreendedorismo feminino na produção de bioabsorventes no sistema prisional gaúcho foi um dos oito melhores projetos brasileiros de trabalho prisional selecionados pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e considerado como exemplar para os demais estados. A divulgação ocorreu nesta terça-feira (04) e integra a 1ª Coletânea “Boas Práticas Trabalho e Renda” no sistema penitenciário brasileiro.

O projeto gaúcho selecionado é desenvolvido no Presídio Estadual Feminino de Lajeado, no Presídio Estadual Feminino de Torres e no Anexo Feminino do Presídio de Santa Cruz do Sul. Desde sua implantação, a iniciativa se tornou referência nacional, pois o Rio Grande do Sul é pioneiro na produção de bioabsorventes com mão de obra das apenadas.

Exemplo para outros estados

O objetivo do Depen com essa seleção é inspirar os demais estados a replicar essas iniciativas e incentivar o trabalho prisional, contribuindo com a efetiva ressocialização das pessoas privadas de liberdade. “Esses exemplos de todo o País demonstram o engajamento das secretarias de administração prisional, das unidades prisionais e dos servidores para promoverem a dignidade humana e valorizarem o direito social ao trabalho, ao mesmo tempo em que atuam para manutenção das medidas de segurança necessárias às atividades laborais. O Depen acredita na ressocialização por meio do trabalho, e essa iniciativa do Rio Grande do Sul é exemplar no sistema prisional brasileiro”, enfatizou a coordenadora substituta de Apoio ao Trabalho e Renda do Depen, Juliana de Lima Braga.

O secretário de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo, Mauro Hauschild, enalteceu o empenho das unidades prisionais, dos servidores e dos gestores, que realizam um trabalho de excelência e buscam parcerias para que o projeto se torne possível. “Esse reconhecimento do Depen representa mais um incentivo para que sigamos apostando no trabalho prisional, pois acreditamos no potencial da inclusão social por meio da profissionalização, do empreendedorismo e da geração de renda, possibilitando que as apenadas tenham essa capacitação quando saírem em liberdade”, afirmou.

O superintendente da Susepe, José Giovani Rodrigues de Souza, também pontuou a importância do trabalho prisional para a inclusão social de apenadas e apenados. “Este projeto demonstra a importância da qualificação profissional das pessoas privadas de liberdade, para que, ao se tornarem egressas do sistema prisional, possam encontrar um meio de prover o seu sustento e de se recolocar na sociedade com dignidade. No caso do projeto dos bioabsorventes, também vemos o quanto esse aprendizado impacta na própria vida delas e no meio ambiente também”, destacou.

Empreendedorismo feminino e dignidade menstrual

Nas oficinas realizadas com apenadas nos presídios são abordados temas como saúde feminina, educação menstrual, geração de trabalho e renda, com foco no empreendedorismo feminino e na capacitação dessas mulheres presas para a confecção de bioabsorventes femininos. Para promover a dignidade menstrual, são fornecidos meios de acesso à informação, além da oferta de protetores menstruais às mulheres presas no sistema prisional do RS.

“Nos sentimos muito felizes em poder proporcionar às mulheres recolhidas na 8ª Região Penitenciária a oportunidade de ter acesso aos bioabsorventes, um produto inovador que, além de oportunizar dignidade humana, alia consciência às necessidades do meio ambiente, possibilitando que as privadas de liberdade recebam qualificação sobre um assunto tão importante. Vejo que conseguimos plantar uma pequena semente em auxílio ao trabalho e às políticas públicas que a Susepe e a SJSPS estão construindo no Estado”, disse a delegada penitenciária Samantha Longo.

A confecção dos bioabsorventes é realizada em tecidos tecnológicos desenvolvidos pela empresa gaúcha Herself, que é parceira voluntária e idealizadora do projeto. A Herself também é responsável pela coordenação dos grupos reflexivos sobre educação menstrual e pela capacitação técnica para a confecção dos bioabsorventes. “Os bioabsorventes, além de absorverem a menstruação de forma segura, higiênica e confortável, reduzem significativamente o impacto ambiental com a redução de lixo a longo prazo, uma vez que são reutilizáveis e podem durar até três anos”, explicam as voluntárias da empresa Herself, Raissa Kist e Victoria Castro.

A execução do projeto se dá em duas etapas, sendo a primeira disponibilizada para todas as mulheres presas na unidade prisional em que o projeto é desenvolvido, com a participação em grupo reflexivo onde são discutidas a saúde feminina, a educação menstrual, além de tabus e mitos associados à menstruação. Na segunda etapa ocorre a seleção das mulheres presas que tenham interesse em aprender a técnica de confecção das peças, a capacitação em empreendedorismo feminino e a produção de bioabsorventes para si mesmas, para outras mulheres do sistema prisional e para entidades parceiras. Na capacitação em empreendedorismo são abordados temas relacionados a vendas, gestão de clientes, técnicas e modelagens de negócios, precificação e geração de renda, já que as peças produzidas podem ser vendidas e terem seu recurso revertido para o autocuidado das apenadas e dos familiares.

A aquisição dos materiais para a produção dos bioabsorventes se dá através da contribuição dos Conselhos da Comunidade e das Varas de Execução Criminal. Os espaços de trabalho são equipados através do Programa de Capacitação Profissional e Implementação de Oficinas Permanentes (PROCAP), do Depen.

A coletânea completa com as outras sete práticas brasileiras selecionadas pode ser conferida aqui.

Gisele Reginato

Imprensa Susepe

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