Estudantes de diversas partes do RS, voluntários, autoridades e homens privados de liberdade, além de alguns de seus familiares, marcaram presença no “4º Ciclo de Estudos do Projeto Direito no Cárcere", realizado na tarde da última sexta-feira (04), no auditório do Presídio Central de Porto Alegre (PCPA). A vontade de contribuir seja com a solidariedade, doações, cultura ou até mesmo com conhecimento, fez com que as pessoas lotassem o auditório do PCPA.
Idealizado pela jornalista, advogada e ativista social, Carmela Grune, o projeto Direito no Cárcere existe desde agosto de 2011. Segundo Carmela a ideia é contribuir na recuperação contra a dependência química de presos da Galeria E1. “ a autoestima e a dignidade dos apenados são trabalhados em práticas de cultura, arte, neurociência e tecnologia. Susepe, Brigada Militar, Vara de Execuções Criminais (VEC), Vara de Execuçoes de Penas e Medidas Aleternativas(VEPMA) e MinistérioPúblico do RS são instituições apoiadores do projeto.
Galeria E1
Durante 21 dias os detentos que possuem dependência química são direcionados para o Hospital Vila Nova, a fim de realizar a desintoxicação. Após esse período, esses homens são designados para a Galeria E1 do PCPA, e lá permanecem por apenas nove meses. Porém, esse período de permanência é o que vem deixando os detentos da E1 preocupados e se fazendo a seguinte pergunta: "O que fazer depois dos nove meses?", o que também ocasionou a 4ª edição desse ciclo.
Detentos da galeria E1
Carmela também é presidente do jornal Estado de Direito , que objetiva trabalhar a questão da dignidade e cidadania dos detentos, por meio do diálogo e do trabalho do reeducando. Carmela conta com o apoio de seu marido no desenvolvimento das atividades no Central, o diretor de Relações Institucionais do jornal Estado de Direito, Thiago Herbert.
Em entrevista, Carmela revelou o que a motivou tomar frente do projeto.
"Eu já faço o jornal Estado de Direito há dez anos, e o projeto (Direito no Cárcere) é mais uma atividade de prática humanística que a gente desenvolve para uma população com alto índice de vulnerabilidade e que precisa sair da invisibilidade. Então, os projetos que já temos são "Estado de Direito", "Desmistificando Direito", e para sair das livrarias, universidades procuramos ir para um lugar, no qual, as pessoas não tivessem atividades. Por isso, fazer aqui (PCPA) foi uma forma de oportunizar e levar atividades para que essas pessoas (detentos) saíssem da ociosidade, tivessem noção de tempo, não vivessem na mesma rotina, como levantar, acordar e comer", frisou Grune.
Thiago Herbert e Carmela Grune unidos também pelo ativismo social
Em relação ao foco deste 4º ciclo "O que fazer depois dos nove meses?",, Carmela falou sobre a sua expectativa. "Nós estamos batalhando junto a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos e aos órgãos de governo para que a gente consiga pelo Instituto Cultural Estado de Direito contratar profissionais para compor a equipe técnica do projeto e assim, formar lideranças, com isso, possamos expandir o trabalho”, relatou.
Na ocasião, a música "Se eu fosse um anjo do amor" escrita pelo grupo de detentos da Galeria E1, foi apresentada para o público. Trechos como, "Amor é bom, amor quebra o rancor do coração, amor é alegria, amor é comunhão, amor é respeito, amor é algo que não cabe dentro do coração" foram compartilhados com o público que decorou e virou "coro" dos reeducandos.
O jornalista da Zero Hora e do Diário Gaúcho, Renato Dornelles, o representante do Ministério Público, Luciano Pretto,o Procurador de Justiça, Gilmar Bertolotto, e o verador de Porto Alegre, Alberto Kopttick, estiveram no palco junto com os detentos do projeto.
Jeniffer de Oliveira
Imprensa Susepe